A MALDIÇÃO DO CAVALEIRO

setembro 17, 2018 Vekariel 0 Comments


OU A SOMBRA DO ELFO

        Outro dia parei para pensar o tanto que vemos um fenômeno que achei que iria se extinguir de forma gradual com o avanço da comunicação e o domínio nerd que esta havendo no mundo de hoje, que é a grande devoção e o engessamento da criação de conteúdo original seja ele texto, música ou video como filmes e séries, ou mesmo partidas de RPG que é nosso foco maior por aqui. Então vamos dar uma palha de letras aqui...
         Como sempre arranca as sandálias e se acomode ao pisar em solo sagrado...
        Um problema que vejo em mesas de RPG por ai a muito tempo e que na verdade é um reflexo da fauna de nossa cultura pop e de produção cultural em geral é uma espécie de ditadura do jeito certo de se produzir arte. vamos considerar todo arte conteúdo de entretenimento, que é exatamente  onde estou mais focado. 

        Apesar de adorar a dominância que nossos heróis estão tendo em tela eu também ando bem incomodado com a falta de coragem dos estúdios em investir em conteúdo original e novas franquias com alguma idéia mais ousada ou que fuja do ja estabelecido.

        O mesmo se repete na música e para não deixar passar nossas amadas mesas deRPG. No caso da música ainda tem um fenomeno pior ainda que é a ditadura do Cover, mas este é assunto para outra conversa vamos focar aqui no que eu chamo de a Grande Influencia Cultural.

Mas onde eu quero chegar?

       Bem vamos pegar Senhor dos Anéis que é o que engloba o tema mais classico e mais difundido no RPG de mesa a fantasia medieval ou como eu prefiro chamar Fantasia. J.R.R Tolkien fez um trabalho primoroso uma obra que transcede eras chegando a primasia de criar idiomas completos com direito a vocabulos e gírias, ordens da sociedade e tantos detalhes que tu chega a se perguntar se aquela sociedade realmente não existiu.


       Outro exemplo que vou pegar em cima aqui, o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, junto com Watchman ajudou a redefinir todo o mercado de quadrinhos de seu tempo e vem inspirando de referencia até os dias de hoje e aí que mora nosso problema. O problema começa quando a referência passa a se transformar na regra.


       Estas obras são tão grandes em seu peso que elas começaram a influenciar de forma muito pesado tudo o que foi produzido até hoje ao ponto de Cavaleiro das Trevas ser um tipo de padrinho ao contrário das bizarrices do inicio dos anos noventa e Tolkien criar uma bolha que simplesmente engessou por anos e ainda engessa toda criação de Fantasia seja para livros, rpg e qualquer outra media de entretenimento.

       O que perdemos com isto? Inovação, podermos respirar novos ares, ter idéias realmente mais originais e mais uma grande lista de outros fatores como evitarmos clones terrivelmente mal feitos.

       Quer um exemplo? Só temos os elfos como são hoje porque Tolkien os modelou assim, pegou varios estereótipos dos elfos da mitologia e os costurou, só que o que é uma costura virou regra.

       Ai mora o perigo, de repente fantasia medieval virou um gesso enorme que nao permite que nada que seja feito em outra vibe vingue e funcione. Nem Game of Thrones que é tão aclamado por sua originalidade consegue escapar muito do julgo de Tolkien.

       Eu me lembro que quando Arton saiu, principalmente quando tivemos livros mais detalhados com todos os reinos as principais criticas foram sobre o quanto o mundo esta estranho e fugia do "correto", mas oq ue me fez ficar mais interessado naquela colcha de retalhos foi principalmente isto, ela fugia bastante da receita em detalhes e dava um respiro a mais. Quando a gente ve as criticas a Tormenta é que da pra se notar o tanto que o problema é enraizado.



Mas e ai entendi o problema como eu posso combater isto?



       Não tem respostas prontas e facinhas, mas existem caminhos e não sao dificeis. O primeiro é sair da bolha e lembrar que obras como estas sao obras, material escrito por alguém que viveu comeu e errou como todos nós. Não são e não devem ser obras definitivas e que elas não nos restrigem a tentar algo diferente.

       Tentar procurar e ler material que se diferencia muito dos classicos e ver o que eles fazem de diferente e porque se sobressairam, neste quesito eu indico obras orientais que tiveram muito pouca influencia ou se tiveram pegaram a influencia e torceram do avesso e a usaram como bem entenderam.

       Muita gente odeia desenhos japoneses e seus mangas, mas eles são mestres em destruir tradição para tirar algo para eles, talvez esteja na hora da gente tentar imitar um pouco este descompromisso deles.

       E falando em, descompromisso. É nosso próximo tópico, outra forma é tentar se sentir menos compromissado em ser bom quanto estas obras, as esqueça deixe pra la tente fazer o teu material, narrar tua mesa do teu jeito.

       Outro ponto é, produza... tente e erre, faça muita porcaria faça muita coisa que tu considere ruim mas arrisque, tentando deixar a influencia pesada dos mestres um pouco de lado, nao digo pra abandonar e sim para nao ficar tão a sombra.

       Nossas mesas de RPG são perfeitas para fazer estas experiencias, no máximo o que pode acontecer sao risadas de roteiros que podem ir ficando meio bizarros e so isso, mais nada, são maravilhosas para se testar ideias, não tenha medo teste e venha nos falar o que saiu e como funcionou ou nao.

       E se funcionar bem em sua mesa porque não expandir e quem sabe publicar algo mais original e nos agraciar com novos ares?


Arte da Publicação
 elf_by_biyaku

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