MULTIVERSIDADE, E O QUE TUA MESA TEM COM ISSO?

dezembro 29, 2020 Vekariel 0 Comments

 


         Em Agosto de 2014 o escritor de HQs Grant Morrison publica sua obra a muito prometida do Universo DC, chamada Multiversity ou Multiverso aqui no Brasil. Este épico das histórias em quadrinho conta com uma viagem pelas varias realidades da DC comics fazendo uma critica direta a varios fatores da vida humana e da propria indústria de HQ nos Estados Unidos e no mundo. Mas tá, e o que tua mesa tem a ver com isso? Multiversidade Baby....!

          Ainda em 2014 enquanto Multiversity estava sendo publicada, veio ao ar uma materia para Tormenta na época sobre Multiversity. Na época eu gostei da materia mas achei que ela não tinha pego a ideia principal que estes multiversos traziam e que fazem parte da propria proposta de vida do autor. Então fiquei com a idéia na cabeça e acabei jogando ela para o subconciente e esquecendo, até que hoje me deu vontade falar realmente sobre ela.

         Quem conhece a obra de Grant Morrison, sabe que tanto ele quanto  Alan Moore praticam magia de verdade (vou deixar claro, acreditar ou não fica a cargo de cada um não somos donos da crença de ninguém), e no paradgma de Grant Morrison (chamamos assim o conjunto de crenças e formas que o magista assume para sua vida e que tem um grande impacto no que ele mesmo acredita) ele ve a realidade com um olhar bastante peculiar, para Grant Morrison ser real tem muito mais no impacto em que algo tem ou se tem influencia em outras existencias, voce ve esta pegada muito forte na epoca que o Morrison escrevia para o Homem Animal, um personagem Cult da DC Comics. 


         Em um inusitado encontro entre o Homem Animal e o proprio autor (sim ele se desenhou na HQ), Morrison bota Buddy Baker (o nome do homem animal) a muitas provas, mostrando que todas asa desgraças do personagem eram apenas pelo desejo dele entreter seu publico e que ele podia criar e desfazer tudo aquilo somente escrevendo, quando é questionado pelo personagem se então tudo na vida dele era uma mentira e ele mesmo não era real. No que Morrison solta a resposta que me marcou pelo resto da vida:


         "Eu como Grant Morrison tenho uma vida e te escrevo, tenho meus fãns e pessoas a quem amo, mas meu conhecimento e os que me conhecem é finito, eu morrerei e em algum momento serei esquecido. O Homem animal por outro lado afeta a vida de pessoas, traz alegria e aventura quando é lido e enquanto houver alguem que le uma pagina ele existira e será conhecido. Neste padrão quem é mais real o Grant Morrison ou o homem animal?"


         A citação esta muito adaptada porque puxei de cabeça e tem anos que li o run do Morrison no Homem animal. Mas traz a ideia que eu quero trabalhar aqui. De que nossa realidade é multipla e fragmentada e é dificil dizer o que seria oficial ou não. Agora vamos aplicar esta filosofia tão profunda em onde importa em nós. NOSSAS MESAS DE RPG.


         Segundo Morrison toda vez que se cria algo ou um persoangem se da vida a ele e uma realidade que pode ou não perdurar. Na verdade esta maxima se repete muito na espiritualidade e na arte.

         Quando a materia de Multiverso pra Tormenta apareceu la no rpgista eu fui seco ver se era o que eu pensava, o texto é bem escrito mas me descpcionei bastante sobre o assunto, porque se focou apenas em descrever mundos alternativos daquele cenário, quando tinhamos coisas muito mais importantes para se falar sobre.

         A principal lição que podemos trazer de Multiversity é a questão que toda criação é canon e importa de alguma forma, toda mesa, todo conto produzido por um fan, toda história cria de alguma forma um mundo alternativo novo daquele cenário ou obrao. O fato de alguem abrir um romance e ler ja cria um cenario novo que é a mistura do texto escrito com a  percepção e imaginação de seu leitor. Tudo escrito em uma mesa de RPG sobre esta optica então deve ser levado a serio como uma variação valida, voce pode não gostar ou detestar o que foi feito, mas ao ser criado aquela obra criou vida e tem sua importancia.


         Este pensamento muda muuuuuuuuuuito a forma em que nos relacionamos com nossas criações e criações de outras mesas. Falando da materia original então podemos dizer que em Arton cada vez que uma mesa e uma campanha é aberta, um contro feito por fãn é feito uma variedade de cenário é criado, no Multiverso de Tormenta um novo mundo surge dentre milhares e todos existem porque impactam alguém e enquanto alguem o jogar ou o ler continuara a existir.

         Tenha este pensamento em mente quando criar seus jogos e aventuras. E não falo somente de Arton qualquer cenário  e história pode ter esta variação e se tu for seguir este paradgma tem que levar a serio mesmo que não goste do que ve.


         Então se seus jogadores quiserem jogar em uma gothan em que nunca existiu um Batman ou se um deles quer ser o Batman e sua identidade for Antônio Banderas, por mais ridiculo que tu possa achar ela é umapossibilidade valida no multiverso e precisa ser levada a sério. Ou você não levaria a serio um Superman que é o Barack Obama?

         Aplicar Multiversity desta forma a sua maneira de ver e pensar arte, principalmente RPG pode ser libertador, porque te leva a primeiro analisar com mais seriedade as obras dos amiguinhos e segundo ver que é valido sim testar todas as possibilidades mesmo que nesta tenha Donatello e Michelangelo usando quadros renascentistas como armas contra um Hittler bombado com cara de Ken da Barbie (vixe agora eu fui longe).

         E você mesmo como mestre pode pensar com mais carinho quando surgir alguma proposta muito doida de jogo ou voce mesmo pensar nesta proposta. Vale a pena a tentativa, deixe seus jogadores fazerem versoes totalmente diferentes de herois conhecidos, deixe aparecer variações malucas de mundos ja consagrados e leve tudo isto como Cannon.

         Porque se o Morrison estiver certo, você honrou um novo mundo a cada criação que respeita!


Esta materia é dedicada a Felipe Morcelli do Terra Zero, que nos deixou em 2020 e é um cara que eu posso falar que tem uma responsabilidade enorme sobre tudo o que eu sei sobre Quadrinhos e arte sequencial hoje em dia, sem este maluco maravilhoso talvez  eu nao conheceria de forma tão especial personas como Grant Morrison, Warren Ellis, Jonathan Rickman e varios outros. E nem mesmo historias tao fabulosas como Multiversity, Transmetropolitan, Planetary e varias outras. Aqui fica neste final de ano o meu pesar de sua perda e uma saudade enorme das materias matadoras e podcasts que sobram conteudo a nível acadêmico. 

Que sua aventura continue em mundos muito mais fantasticos que este nosso e singre o Infinito como você fez tantas vezes em teus materiais!


Arte da Capa
Material de Publicação




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